terça-feira, 7 de junho de 2011

Automobilismo - Novidades.



Chineses chegando ao mercado dos populales

O compacto chinês tem como principal destaque justamente o fato de trazer como preço acessível itens que a "nova" classe média brasileira nunca pôde usufruir. A Chery oferece por um preço reduzido justamente o que busca esse nicho de mercado. O QQ traz como itens de série ar-condicionado, direção hidráulica, travas, vidros e retrovisores elétricos, rádio, airbag e freios ABS. Tudo por R$ 22.900. Bem menos que um similar com os itens possíveis de serem equipados (já que os concorrentes diretos do pequeno chinês não têm opção, por exemplo, de serem equipados com ABS)

Tudo isso aliado a um visual moderno, com destaque para a frente do modelo que lembra muito o robô "Rosie" do antigo desenho animado "Os Jetsons". O painel também não lembra o de um carro de entrada, pois é digital e atraente. O interior, apesar de apertado, comporta de maneira razoável quatro ocupantes (apesar de o QQ ser designado como um veículo para cinco pessoas). "Quem sabe a única razão para eu não comprar um QQ seria o fato de não ser possível levar muitas pessoas, e tenho uma família grande", disse a professora após o rápido teste. O motor não é perfeito, mas o 1,1 l ACTECO de 68 cv movido a gasolina tem a vantagem de ser bastante econômico.

Mas as vantagens do QQ param por ai. O modelo tem defeitos que não vão incomodar apenas quem está acostumado com outros carros, mas qualquer um que passe um período considerável atrás do volante. A primeira coisa que se nota após andar alguns minutos no veículo é que ele é extremamente barulhento. A vedação das portas não é perfeita, a correia faz um estridente chiado ao ligar e até mesmo um apito agudo soou por diversas vezes, como que dando um sinal de alerta, mas sem razão aparente (e mesmo a Chery não soube explicar o que era o som).

Na estrada, o pequeno é extremamente instável, sofrendo com os deslocamentos de ar dos grandes caminhões auxiliado pela falta de aerodinâmica em altas velocidades. Possível argumentar que é um modelo urbano, mas, mesmo na cidade, o compacto tem defeitos que podem atrapalhar quem o adorou pelos itens de série e preço. A suspensão traseira é um eixo rígido que somado aos pneus 155/65 com rodas de 13 polegadas fazem os passageiros terem uma enorme sensação de salto, mesmo quando passa em pequenas lombadas e buracos (coisa que qualquer cidade brasileira tem).

E mesmo com tantos equipamentos voltados ao conforto e a beleza estética, certos pontos pecam de forma grave. O motorista pode estar confortável com o ar-condicionado e direção hidráulica, mas vai sentar em um encosto praticamente feito de pano e espuma muito fina, que o fará sentir os joelhos do passageiro traseiro como se não tivesse nada entre eles. O acabamento é feito de um plástico de qualidade inferior ao normal e o sistema de acendimento dos faróis é confuso, tendo que ser acionado tanto em um pequeno botão escondido ao lado esquerdo da direção como na alavanca da seta. O câmbio também pecou, travando e se recusando a engatar a primeira marcha em algumas ocasiões. A impressão que se tem é a de dirigir um brinquedo.

Mundo

O QQ é o exemplo de um novo conceito que busca agradar as camadas mais populares da sociedade oferecendo itens de conforto e segurança, antes um luxo fora dos padrões dessa gama de clientes. A população brasileira é uma privilegiada nesse sentido, pois com a entrada das chinesas no mercado interno, tem diversas opções em diversos segmentos do setor automotivo. Fato que não acontece em outros lugares do mundo, principalmente porque outros países têm um padrão melhor de veículos.

Nos Estados Unidos por exemplo o carro mais barato é o Hyundai Accent GL, que vem praticamente sem item nenhum. Se o cliente quiser, por exemplo, equipar o carro com ar-condicionado, vai pagar US$ 1.000 a mais. Isso significa 10% do valor do modelo que custa US$ 10.705 (aproximadamente R$ 16 mil), apesar disso, vem com um motor de 110 cv de potência. Mais próximo do que estamos pagando pelo Chery QQ está o Nissan Cube (US$ 14.740, ou aproximadamente R$ 23 mil), que vem com um motor 1.8 e ar-condicionado, CD player, freios ABS, vidros e travas elétricos e controle de estabilidade eletrônico.

Já na Europa, o carro mais barato vem da Rússia. O Lada Grant deverá começar a ser vendido em dezembro deste ano e vai sair por cerca de US$ 6.200 (ou quase R$ 10 mil) e deverão ser comercializados, principalmente, no leste europeu. Atualmente, o carro mais barato é o Tata Nano, que tem como destaque o baixo consumo de combustível. Pelados, mas também mais em conta que os do nosso mercado.

A expectativa para o mercado brasileiro é que a estreia do QQ cause um efeito semelhante ao que aconteceu com a chegada do JAC J3, que viu seus concorrentes reduzirem o preço para uma competição mais equilibrada. Quanto ao QQ, a esperança fica que o padrão dos itens seja mantido, mas que a qualidade do carro como um todo seja melhorada.

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